SINVAL SANTOS

"A todo e qualquer momento,

Em toda e qualquer ação

Deixe fluir o sentimento

Leve da meditação."

sábado, 26 de junho de 2010

CAIM

Caros Companheiros


Relutei ante a possibilidade da existência de censores de plantão, mas apesar da reflexão ter acontecido a partir de um texto que me foi enviado pelo VISTA-SE, site que divulga reflexões e ações de transformação social a partir do vegetarianismo, intitulado "A Bíblia Preconiza o Vegetarianismo" ou seja, a partir de uma obra de arte literária, a bíblia, resolvi partilhar a resposta que enviei a dois dias atrás, 26 de julho de 2010, também inspirada num grande artista da literatura mundial, José Saramago, através de uma poesia autoral que pode ser usada para refletir sobre situações de nossa realidade educacional como o desrespeito ao ser humano, a violência cada vez mais crescente e seus motivos.

Os motivos são muitos, inclusive por uma educação que não educa realmente para as diferenças, para a liberdade de expressão e para a atenção completa para aquilo que se absorve, que se pensa e o se que faz, observamos apesar da preconização das leis, o desrespeito ao laicismo tão presente não só nas escolas, mas em todas as esferas da sociedade.



Caros companheiros de reflexão


Percebo a beleza do texto mas acho uma discussão realmente desnecessária, se a Bíblia ou outro livro religioso preconiza o vegetarianismo ou não, pois acredito que devamos nos descondicionar das religiões e dos mestres para podermos realmente descobrir o que é verdadeiro.
Sou vegetariano desde os 13 anos de idade, tenho 50 agora e vejo a validade por vários motivos que são óbvios, diretamente pela observação do sofrimento dos animais, melhoria da minha própria saúde e de meus 3 filhos criados vegetarianos, pela preservação ambiental e não por que alguma religião me convenceu. Na realidade, as religiões organizadas só tem trazido prejuízos à liberdade de expressão, ao livre pensar e ao crescimento espiritual verdadeiro do indivíduo. Como poderemos promover a libertação animal se nossas mentes continuam pressas a ideologias religiosas que se mantiveram e se mantém historicamente as custas de tantas contradições, inclusive, através de guerras e assassinatos.
Coincidentemente, acabei de escrever uma poesia que iniciou inspirada pela perda do grande escritor José Saramago, após refletir sobre o processo de discriminação que estão sujeitas as pessoas que não pensam como a maioria, passando a ser perseguidos pelos que são ligadas a religião, me veio a mente o título de duas de suas obras: “O Evangelho Segundo Jesus Cristo" e “Caim”.
Não pretendo aqui defender uma outra proposta de defesa da bíblia ou de outro livro religioso, enquanto defensor do vegetarianismo, mas simplesmente me expressar sabendo que partir da arte, uma outra possibilidade de visão e de interpretação dos fatos permitem uma reflexão ética e poética muito mais ampla e livre.


CAIM


E era o verbo no início,
No pé as fezes do cachorro,
Totó, um grude feito vício.
Deus soletrando dá um esporro:


Ca que qui co cão!
Cain, Cain, Cain, Cain!
E era cu, não era cão
E nosso inferno fez-se assim,


Com muita merda e confusão,
Um sofrer que não tem mais fim
E assim tomou o “bom” irmão,
Abel foi morto por Caim.


Seria Deus um tanto insano,
Criando o mal em sua desfeita
Ao rito vegetariano
E quando a carne teve aceita?!


Se a bel prazer o irmão Abel
Sacrificava os animais
Perpetuando a Babel,
Não viu então que era demais?!


Num enigmático sorriso,
Tomando salada de frutas,
Diz Deus: Que vale o paraíso
Se o animal tu não escutas?


Seguindo surdo o mesmo sangue,
Guerreará sempre ao mesmo nome
Hó ser humano não se zangue,
Só o cão é amigo do homem.


Por isso que o grande amigão
Passando por algo ruim,
Ante a dor e a opressão
Late clamando por Caim.

HÁ BRAÇOS

Sinval Santos