SINVAL SANTOS

"A todo e qualquer momento,

Em toda e qualquer ação

Deixe fluir o sentimento

Leve da meditação."

domingo, 12 de julho de 2015

EDILSON SANTOS ARTE MANO A MANO




    

  Filho de Sinval Corrêa dos Santos, oficial da PM, professor de Educação Moral e Cívica e de Língua Inglesa e de Raimunda Maria de Nazaré Santos, mulher muito habilidosa para artes manuais como o bordado e jardinagem, nasceu no dia 10 de outubro de 1957 em uma família de 11 filhos, Edilson Corrêa dos Santos é  dois anos mais velho que eu e fomos criados juntos numa casa sempre cheia de livros onde desde criança tive o prazer de presenciar  e me surpreender com a manifestação de seu talento.

     Aprendi a tocar instrumento a partir de sua  iniciativa de pedir ao papai que lhe desse um violão aos quinze anos ao qual nunca  se dedicou de todo, mas a partir de então, sempre com um violão ao seu alcance, aprendeu a tocar algumas poucas canções e começou a se inspirar para escrever e compor belas composições das quais acompanhei o processo de criação ou ele nos mostrava em ocasiões de encontro. Lembro de algumas, uma delas, baseada em fato real da violência policial tão comum nos anos 70 quando um delegado da policia civil invadiu nossa casa armado dizendo estar atrás  de um bandido, que tinha umas estrofes mais  ou menos assim, "Acordei sobressaltado A noite estava escura, Soldados, latidos, gritos roucos... Uma bala em minha porta, foi por pouco!", Naquela ocasião, acho que tinha apenas 17 anos  e pediu para um cantor, José Rodrigues cantá-la com os acordes do violão e sua bela voz, uma outra canção surpreendente, Sabath que lembra aquelas feitas para crianças, relatando as aventuras de  de uma bruxinha que queria ser eleita rainha de sabath e uma outra, Times of War (Tempos de Guerra), falando sobre a paz universal totalmente em língua inglesa.  

    Se destacava com textos surpreendentes na escola, lembro de uma professora nossa ainda na 3ª série elogiando e mostrando para a colega um texto livre contando a história de um combatente na II guerra mundial. Em 96 acredito, solicitou para que meus filhos digitassem um livro de poesias seu que tinha interesse de publicar através do qual tive mais aproximação com sua obra literária enquanto revisor, mas que infelizmente nunca foi publicado, o que espero acontecer em breve, pois continua escrevendo com muita profusão.
    É nas artes plásticas que mais ele tem demonstrado seu talento, pois desde criança se interessa pelo desenho e pintura, sendo interessante acompanhar seu processo de produção permanente utilizando várias técnicas e suportes diferentes, não se detendo em nenhum material ou tema especifico e apesar de grande parte de seus trabalhos serem figurativos e atualmente dedicar-se muito mais a fazer desenhos coloridos com giz de cera sobre lixa, produz também instalações, objetos, charges, fazendo de seus aposentos um espaço de visitação onde vemos pinturas nas próprias paredes, algo que era muito mais possível de se ver quando era proprietário do Bar Coco Verde no Bairro da  Pedreira, onde durante o atendimento ao público estava sempre desenhando e mostrando sua produção para os frequentadores que podiam também vê-las em instalações ou em murais. 
    Na diversificação de temas, vemos que tem uma quantidade muito maior de figuras humanas, sendo  muitas delas retratos e auto-retratos, alguns semelhantes em que podemos identificar amigos e parentes outros  nem tanto, mas todos feitos com muito vigor e uma carga de emoção muito grande. Se destaca também, por fazer muito nus em postura sensual ou se relacionando sexualmente. Alguns desenhos assumem uma aparência de charge em que ele acrescenta texto, vemos também muitas paisagens, animais e abstrações.
    Observarmos sua realidade como um todo, é uma boa oportunidade para se fazer uma reflexão sobre  quem é artista ou  quais são os critérios para qualificar uma pessoa enquanto tal.  Algo que deve ser feito sempre com muita cautela para não cairmos nas armadilhas  da mídia, do capital nem da ditadura da política cultural que promove alguns em detrimento de outros. Se olharmos com atenção, será fácil percebermos que artista não necessariamente, é aquele que é bem sucedido financeiramente a partir de sua obra ou da proteção de outrem, sendo também artista, aquele que faz arte com emoção, com prazer,  mesmo que sua arte não esteja sendo mostrada na mídia, exposta em galerias oficiais ou sendo comercializada, pois, apesar de nunca ter entrado no circuito oficial das artes, tem uma produção muito ampla, diversificada e fluente, digna de admiração e apoio que nos surpreende a cada visita. 
    Edílson Santos, tem curso superior de administração de empresas na UFPA, mas, enquanto artista  é autodidata. Na realidade, tivemos juntos poucas aulas com o Senhor Manoel Almeida, quando tínhamos 10 e 11 anos, antigo inquilino da vila de propriedade da família que nos ensinava como aplicar as cores da tinta gouche em pequenas paisagens. Posteriormente, teve apoio na adolescência, principalmente  com envio de material de desenho e pintura mais especializado através de uma de nossas irmãs, Edinéia Sindona que também é artista plástica e mora em São Paulo.



    A seguir, fiz uma seleção a partir de imagens registradas, infelizmente,  com baixa resolução o que não permite ver nitidamente a qualidade da luz e cor,  mas, através da qual  podemos observar em algumas poucas de suas muitas obras ainda guardadas, o seu amplo universo na linguagem das artes visuais. Espero que gostem!