Filho
de Sinval Corrêa dos Santos, oficial da PM, professor de Educação Moral e
Cívica e de Língua Inglesa e de Raimunda Maria de Nazaré Santos, mulher muito
habilidosa para artes manuais como o bordado e jardinagem, nasceu no dia 10 de
outubro de 1957 em uma família de 11 filhos, Edilson Corrêa dos Santos é dois anos mais velho que eu e fomos criados
juntos numa casa sempre cheia de livros onde desde criança tive o prazer de
presenciar e me surpreender com a
manifestação de seu talento.
Aprendi a tocar instrumento a partir de sua iniciativa de pedir ao papai que lhe desse um
violão aos quinze anos ao qual nunca se
dedicou de todo, mas a partir de então, sempre com um violão ao seu alcance,
aprendeu a tocar algumas poucas canções e começou a se inspirar para escrever e
compor belas composições das quais acompanhei o processo de criação ou ele nos
mostrava em ocasiões de encontro. Lembro de algumas, uma delas, baseada em fato
real da violência policial tão comum nos anos 70 quando um delegado da policia
civil invadiu nossa casa armado dizendo estar atrás de um bandido, que
tinha umas estrofes mais ou menos assim, "Acordei sobressaltado A
noite estava escura, Soldados, latidos, gritos roucos... Uma bala em minha
porta, foi por pouco!", Naquela ocasião, acho que tinha apenas 17
anos e pediu para um cantor, José
Rodrigues cantá-la com os acordes do violão e sua bela voz, uma outra canção surpreendente,
Sabath que lembra aquelas feitas para crianças, relatando as aventuras de
de uma bruxinha que queria ser eleita rainha de sabath e uma outra, Times
of War (Tempos de Guerra), falando sobre a paz universal totalmente em língua
inglesa.
Se destacava com textos
surpreendentes na escola, lembro de uma professora nossa ainda na 3ª série elogiando
e mostrando para a colega um texto livre contando a história de um combatente
na II guerra mundial. Em 96 acredito, solicitou para que meus filhos digitassem
um livro de poesias seu que tinha interesse de publicar através do qual tive
mais aproximação com sua obra literária enquanto revisor, mas que infelizmente
nunca foi publicado, o que espero acontecer em breve, pois continua escrevendo
com muita profusão.
É nas artes plásticas que
mais ele tem demonstrado seu talento, pois desde criança se interessa pelo
desenho e pintura, sendo interessante acompanhar seu processo de produção
permanente utilizando várias técnicas e suportes diferentes, não se detendo em
nenhum material ou tema especifico e apesar de grande parte de seus trabalhos
serem figurativos e atualmente dedicar-se muito mais a fazer desenhos coloridos
com giz de cera sobre lixa, produz também instalações, objetos, charges,
fazendo de seus aposentos um espaço de visitação onde vemos pinturas nas
próprias paredes, algo que era muito mais possível de se ver quando era proprietário
do Bar Coco Verde no Bairro da Pedreira,
onde durante o atendimento ao público estava sempre desenhando e mostrando sua
produção para os frequentadores que podiam também vê-las em instalações ou em
murais.
Na diversificação de temas,
vemos que tem uma quantidade muito maior de figuras humanas, sendo muitas
delas retratos e auto-retratos, alguns semelhantes em que podemos identificar
amigos e parentes outros nem tanto, mas todos feitos com muito vigor e
uma carga de emoção muito grande. Se destaca também, por fazer muito nus em
postura sensual ou se relacionando sexualmente. Alguns desenhos assumem uma
aparência de charge em que ele acrescenta texto, vemos também muitas paisagens,
animais e abstrações.
Observarmos sua realidade
como um todo, é uma boa oportunidade para se fazer uma reflexão sobre quem é artista ou quais são os critérios para qualificar uma
pessoa enquanto tal. Algo que deve ser feito sempre com muita cautela para
não cairmos nas armadilhas da mídia, do
capital nem da ditadura da política cultural que promove alguns em detrimento
de outros. Se olharmos com atenção, será fácil percebermos que artista não
necessariamente, é aquele que é bem sucedido financeiramente a partir de sua obra
ou da proteção de outrem, sendo também artista, aquele que faz arte com emoção,
com prazer, mesmo que sua arte não esteja sendo mostrada na mídia,
exposta em galerias oficiais ou sendo comercializada, pois, apesar de nunca ter
entrado no circuito oficial das artes, tem uma produção muito ampla,
diversificada e fluente, digna de admiração e apoio que nos surpreende a cada
visita.
Edílson Santos, tem curso
superior de administração de empresas na UFPA, mas, enquanto artista é
autodidata. Na realidade, tivemos juntos poucas aulas com o Senhor Manoel
Almeida, quando tínhamos 10 e 11 anos, antigo inquilino da vila de propriedade da
família que nos ensinava como aplicar as cores da tinta gouche em pequenas
paisagens. Posteriormente, teve apoio na adolescência, principalmente com envio de material de desenho e pintura mais
especializado através de uma de nossas irmãs, Edinéia Sindona que também é
artista plástica e mora em São Paulo.
A seguir, fiz uma seleção a partir de imagens registradas,
infelizmente, com baixa resolução o que
não permite ver nitidamente a qualidade da luz e cor, mas, através da qual podemos observar em algumas poucas de suas
muitas obras ainda guardadas, o seu amplo universo na linguagem das artes
visuais. Espero que gostem!