SINVAL SANTOS

"A todo e qualquer momento,

Em toda e qualquer ação

Deixe fluir o sentimento

Leve da meditação."

domingo, 6 de fevereiro de 2011

FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA SOCIAL NA MARAMBAIA PELO FSM

     Estou partilhando a mensagem do Arthur leandro, muito feliz por estar vendo a Marambaia contemplada com mais uma ação cultural transformadora.

De: Etétuba


Enviadas: Domingo, 6 de Fevereiro de 2011 15:59:42

Assunto: [aaepa] http://www.orm.com.br/ - Fest fisc chega à Marambaia


Festval Internacional de Cinema Social vai ser exibido a partir de hoje (6) até sexta-feira (11) com destaques nacionais



O FEST FISC (Festival Internacional de Cinema Social), dentro da programação da 11ª Edição do FSM - Fórum Social Mundial (em Dakar, capital do Senegal, no período de 6 a 11 de fevereiro), é um evento concebido e executado por dois paraenses: os professores e cineastas Hilton Silva e Francisco Weyl.



Esta mostra, que conta com produções de diferentes partes do mundo, terá uma edição nacional nesta semana, na praça Tancredo Neves, Marambaia, de 8 a 10 de fevereiro, sempre às 19h.



Dentre a extensa programação (confira no blog www.socialcine.blogspot.com), destacam-se os filmes paraenses 'Sonoro Diamante Negro', de Suely Nascimento; 'Dezinho: vida, sonho e luta', de Evandro Medeiros; 'Contracorrente', de Francisco Weyl; 'Quem cortou a língua de feiticeira que os donos do mundo temiam?', 'A lenda da cobra grande' e 'A festa da cobra' (os três do Coletivo Resistência Marajoara) e 'O mastro de São Caralho', de Márcio Barradas.



Todos os sete filmes são social e politicamente urgentes e relevantes. Evandro Medeiros fala sobre os crimes na luta pela terra e Francisco Weyl sobre o gangsterismo jornalístico na capital paraense, para termos um pequeno exemplo. Entretanto quando o assunto é cinema, trabalho criativo com a linguagem, nada se aproxima de Márcio Barradas.



Barradas é um cineasta anônimo em sua cidade, Belém do Pará. Seja por sua indisposição natural em propagandear seu trabalho no circuito fechado e hostil da cidade, seja pela ignorância conformada deste mesmo circuito. Nunca ganhou prêmios e nunca teve estreias retumbantes com tapete vermelho e pipoca. Sua preocupação ao fazer um filme, é fazer o próximo e assim vive em função de sua arte e ofício. Tais dedicação e respeito transparecem em seus singelos e malditos filmes como 'Icoaraci', 'A poeta da praia', 'A janela', 'Coração roxo' e neste 'O mastro de São Caralho'.



'O mastro' faz um registro sensível e urgente de Mosqueiro



'O mastro' é o coroamento do chamado 'ciclo mosqueirense' de Mário Barradas. O documentário registra a festa que ocorre todo dia primeiro de janeiro na ilha, na qual os populares carregam em cortejo o mastro da festa de São Pedro, gentilmente cedido pela D. Diva Palheta, e celebram o encaralhamento contra a Igreja Católica, os turistas e a política de fim-de-semana da Prefeitura.



Intercalando entrevistas e cenas da celebração (sempre regada à muita cachaça), o filme registra a alegria desesperada de uma população que, já cansada de gritar sem ser ouvida manda todos os podres poderes pra bem longe.



As entrevistas são reveladoras do sentido expresso nas imagens da festa. A angústia dos três professores de História, nascidos e criados em Mosqueiro, é sintoma de uma população que sofre, mais do que pensam os veranistas, com a maquiagem turística do distrito. 'Mosqueiro só funciona em julho', dispara um deles num discurso extremamente lúcido.



Como dizia a máxima do cineasta Rogério Sganzerla (1946 -2004) no clássico 'O bandido da luz vermelha': 'Se não dá pra mudar, a gente avacalha. Avacalha e se esculhamba'. E é um pouco com as lágrimas do palhaço que esse povo bebe, fuma, canta e dança naquele dia.



A profanação da farra, na verdade, é um ato político. Quem determinou as regras de conduta que a periferia deve seguir nunca sentiu o cheiro do povo. Não sabe o que é isso. Ou pior, sabe sim, mas só de quatro em quatro anos.



Naturalmente todo este material poderia soar panfletário e pobre nas mãos de um realizador menos habilidoso. O cinema de Barradas é político, mas acima de tudo poético. Suas imagens, são plenas de graca, humor e raiva. Por trás de todo riso, a câmera enxerga uma lágrima. E vice-versa.



O realizador é um explorador nato dos planos de inserção - cortes abruptos para imagens que discutem esteticamente com as cenas em andamento. Como nos trabalhos de Luís Buñuel ('Os esquecidos'), curtos fragmentos entram na narrativa como anzóis para o cognitivo do público: a solidão de um gari bêbado em estado de graça ou um conjunto de fitas coloridas atadas à uma lâmpada fosforescente, tudo é matéria para o surrealismo do autor.



Este princípio lhe é tão caro, que em seu mais novo filme, 'Os comparsas', a maior sequência é feita unicamente com planos de inserção, construindo um tempo-espaco outro, puramente cinematográfico.



'O mastro de São Caralho' será exibido na terça-feira (8), na Marambaia, junto com vários outros filmes, com entrada franca. Quem curte cinema político, esteticamente engajado não deve perder. Quem não curte pode ir pra casa.