SINVAL SANTOS

"A todo e qualquer momento,

Em toda e qualquer ação

Deixe fluir o sentimento

Leve da meditação."

sábado, 22 de agosto de 2015

O BULLYING QUE NOS BURLA


     
    No primeiro semestre do ano de 2015 na Escola Municipal Palmira Lins de Carvalho, a professora Suellen Silvia de Língua Portuguesa iniciou o projeto “Eu Digo NÃO ao Bullying”, de maneira mais aprofundada proporcionando aos alunos das diversas turmas por ela atendidas a reflexão sobre a prática de violência física e assédio moral, principalmente entre os alunos da escola, desencadeando algumas ações que resultaram em poesias, redações, fotografias, vídeos, peças teatrais e em debates e exposições.
    O projeto iniciou-se a partir da preocupação da autora com uma pessoa em especial que já vinha perceptivelmente sendo vitima de violência e pela qual resolveu sair em defesa.  Assim, como outros temas como o especismo (a idéia que os animais humanos são superiores aos não humanos e por isso podem ser vítimas de crueldade), racismo,  laicismo, machismo, xenofobia  e homofobia, precisam ser destacados, pois nunca, a despeito do que muitos parecem pensar,  somente pelo fato desses temas  não serem abordados, ocorrerá  com que não existam problemas relacionados a eles e muito pelo contrário, a indiferença e omissão sempre fará com que as ocorrências se tornem mais freqüentes.
   O projeto contou logo em sua implantação com a colaboração da professora Marcia Sampaio que também repetiu suas ações em suas aulas fazendo com que todas as turmas da escola fossem participantes do mesmo, dos profissionais da biblioteca onde projeção de vídeos, debates e apresentação de peças aconteciam. Nesse segundo semestre articula-se um trabalho mais amplo de esclarecimento aos demais professores buscando-se uma ação interdisciplinar que começará a partir do dia 18 de agosto, juntamente com os alunos das diversas turmas apresentando os resultados obtidos.
                                                                           
                                                                                       
      Embora o projeto destaque mais as situações de violência entre os alunos, temos uma boa oportunidade de observar a realidade do professor adoecido por saber que enfrentará a mesma pessoa o ano todo atrapalhando impunemente não só o repasse de conteúdos, mas também a assimilação pelos seus colegas. É fácil encontramos professores nessas condições que abandonam o magistério ou solicitam afastamento de sala de aula    aceitando  a situação de readaptados em espaços especiais (bibliotecas, salas de recursos, laboratórios de ciências ou de informática), ou até mesmo , na secretaria ou coordenação pedagógica,   mesmo perdendo vantagens trabalhistas como gratificações e o tempo de aposentadoria especial, pior ainda, quando não tem coragem de enfrentar a realidade  dessa  condição por se sentirem humilhados ou vencidos  e continuam na sala de aula se tornando e fazendo todo mundo mais infeliz ainda, até que venha a aposentadoria especial, por uma doença mais grave causando  invalidez ou até a morte. 
    Infelizmente, apesar da grande validade do projeto, temos visto que é necessário algo maior que envolva todos os educadores da escola desde serventes até a direção exercitando a autoridade de observar, descobrir e intervir nos casos, pois a escola que realmente quer cumprir seu papel tem de promover cursos de formação e planejamentos para que todos se sintam educadores e casos de agressão sejam comunicados e debatidos, inclusive sobre que providencias foram tomadas. É importante que se faça trabalhos que envolvam também os familiares e a comunidade do entorno.
      Algumas medidas punitivas também precisam ser mais eficazes, pois muitas vezes vemos que os responsáveis parecem estar acostumados com o procedimento agressivo em sua própria casa e quando são chamados parecem simplesmente não querer ser incomodados indicando já terem abdicado de qualquer iniciativa de acompanhamento ou de atitude para um melhor comportamento de seus filhos, delegando totalmente a responsabilidade para os profissionais da escola. Em muitos casos vemos alunos sem o menor constrangimento e até debochando por serem convidados a ir até a coordenação ou de levarem algum comunicado para seus responsáveis.
    É muito necessário que os casos de bulimento, principalmente os reincidentes e de maior gravidade sejam punidos com suspensão seguida de transferência, prática que só correrá quando os gestores e orientadores escolares deixem de ter medo de enfrentar o aluno agressor, sua família que não consegue impor limites  e as próprias instituições como conselhos  tutelares, Delegacias de Menores  e Vara da Infância e Juventude, muitas vezes vistas enquanto inimigas que precisam, através de profissionais mais qualificados, demonstrar que realmente podem ajudar, ressaltando que principalmente quando a escola não consiga resolver, deve contar com ajuda externa. Outra medida a ser tomada na escola é a demonstração ao aluno agressor  por parte de colegas e educadores a gravidade do que está fazendo, dizendo claramente àquela pessoa, que não querem sua amizade enquanto ele não mudar de comportamento, pois o que temos visto é justamente o contrário, as vítimas são punidas várias vezes, quando são agredidas, quando não vêem o agressor ser punido e quando ficam desprotegidas e isoladas, enquanto o agressor conta com o medo dos educadores e dos colegas que se omitem e assim, terminam dando mais base para que ele perceba que pode continuar cometendo suas agressões.
    Precisamos observar as coisas com mais profundidade e nos determos com atenção em casos que realmente causam prejuízos para o processo educativo. Sempre é necessário que olhemos holisticamente para todas as situações e percebamos que essas ações de violência fazem parte não só de um contexto mais próximo que vem da casa do aluno, refletindo a educação que tem, mas também de todo uma história que podemos acompanhar na mídia sobre violência que vem se propagando contra as pessoas mais pobres e mais fracas que de certa forma terminamos nos acostumando, validando e até repetindo.
     A violência está ligada a um estado de opressão maior, a ameaça ou a agressão concretizada de países mais fortes sobre os mais fracos invadidos literalmente através de armas ou através de interesses econômicos, e o bullying, enquanto termo, já denota algo de agressivo contra as próprias nações que aceitam a invasão e o domínio cultural dos povos que tem a  língua inglesa enquanto idioma. É mais algo amplo, que pode ser mostrado na história das invasões e extermínio de povos mais fracos a destacar índios e negros no período das grandes navegações e colonizações ou invadidas culturalmente como ocorreu mais recentemente, a partir dos anos 60 juntamente com a ditadura civil e militar ainda mantendo aquele gosto preferencial pelo que vem lá de fora.
      Não existe uma bula específica contra a  violência na escola, mas, principalmente por ser na escola, espaço onde se aprende a aprender, a utilizar o senso crítico e a reflexão,  precisa ser nomeada de uma outra forma, que não nos burle repetindo o bullying   contra a Língua Portuguesa,  acredito que povos  que tem o Inglês enquanto idioma, principalmente os norte americanos, devem achar bom e rir muito da falta de iniciativa dos povos que nem sequer enxergam a dominação cultural, muito menos demonstram indignação com ela e não procuram encontrar um termo para algo que é e sempre foi universal como a violência e que não precisa ser nominado em inglês como já é toda uma a parafernália da informática como mouse, Hard ware, soft ware, e de outras variadas  áreas como pet shopp, shopping Center,  hot dog, delivery, sefl service, happy hour, coffe break, baby, boy e muitos outros.
 Essa violência terminamos validando quando não damos atenção para detalhes que parecem sem importância e como aceitamos a terminologia   invasiva e  colonizadora, aceitamos também as ações que a colocam em prática com o processo de imitação no formato da gravidade das agressões e revides. Nesse aspecto, já começamos a ter casos de alunos que se dirigem armados para a escola e saem matando várias pessoas e muitos casos de agressões violentas e assassinatos de alunos e educadores por todo o País noticiados na mídia e outros  tantos que muitas vezes a escola ou as vitimas preferem não divulgar.
     Durante as discussões sobre o bullying na escola vimos os próprios alunos “inventarem” os verbos bulir ou bolinar, muitas vezes comunicando que alguém estava lhes bulinando ou lhes bulindo quando estavam de alguma forma incomodando. Assim sendo, proponho que passemos a utilizar em projetos e eventos sobre a violência na escola, as terminologias: bulir, bolinar, ou bulimento, bolinagem, violência e assédio escolar para que realmente combatamos integralmente não só a violência física e moral, mas também a invasão cultural que vem nos atingindo e produzindo com sua violência silenciosa, a alienação.
CHÁ NO BULLYNG


Após tanto  bullying  importado dos EUA
Com o Tio Sam ensinando a insana  lição.
A Violência, a escola tão bem aprendeu-a
Na teoria, na escrita e  também na ação.

Como a  triste história sempre se repete
Com o  oprimido imitando o vil opressor,
Rejeitando a banana pra mascar chiclete,
Foi nos porões da CIA que se pós doutorou.

Desenvolveu-se bem  mais a poderosa  nação
Apontando o canhão  contra fracas e pobres,
A munição em sua mão, bullying em ebulição
Ao calor de  maus tratos, contratos e lobbys.

 Com outras tantas nações  grandes  e fortes
Em riqueza, ambição, armas e covardia
Se aliando, causando mais danos e  mortes
Ante a ONU e outras demais confrarias.

 O fato que ocorre  entre vários  países
Se repete  no triste campo da educação,
Onde os fortes ainda comandam felizes
 Enquanto os fracos  não dizem não.

Num jogo de  interesses  em que  o temor
Torna o assédio a atitude bem mais legitima,
Quando em tal crime, fica impune o autor
 Se condena mais vezes a pobre da vitima.

Que todo bom esforço não se descarte
Para que o ódio não prossiga sua trilha,
A escola que quiser fazer  bem sua parte
Tentará  envolver muito mais a família.

Não importa a origem,  nome ou apelido,
Reciclando a vingança e a falta de amor,
De repente, o aluno outrora o oprimido,
Dá uma  volta por cima tocando o terror.

Revoltado na  sala alvejando o colega,
Manda bala a esmo  seja lá em quem for.
Tendo no  suicídio, não fugindo a regra,
O final  de seus sonhos e de toda sua dor.

A invasão cultural temos que abolir,
Nossos próprios termos criar,  nomear.
Bolinar ou bulir  cabem bem por aqui
Ou ali muito além do espaço escolar.

Imitação é doença que vem e assola
O trabalho, a escola, a família, o lar,
Fast food servido com uma coca cola,
Um mau feito lá fora pro mundo tomar.

E assim, sem bulir, bolinar e sem bullying
Já que a sede de sangue cresceu demais,
Traduzamos o bullying diluído num  bule
 Pra servir ao sabor de um chazinho da paz!
                                     Sinval Santos   18/04/15