SINVAL SANTOS

"A todo e qualquer momento,

Em toda e qualquer ação

Deixe fluir o sentimento

Leve da meditação."

quarta-feira, 7 de julho de 2010

"MATA" ARTE CONTRA O CÓDIGO FLORESTAL

Acredito que todo aquele que realmente se interessa pelo futuro do planeta deve neste momento estar descontente com a votação do código florestal, e deve denunciá-la como mais uma atitude criminosa contra o meio ambiente.
E que relação tem a votação do código florestal com a Educação, com a Arte e com a Arte-Educação? Percebo que esses temas também possibilitam a criação artística, enquanto desabafo e fruição na busca de uma estética comprometida com a ética, na busca de uma arte de transformação, penso que como no trecho da letra de TESOURA ESCURA:
...Nossa vida é tão dura
Que procura o cantador
Se livrar da desventura
Quando canta sua dor...
seja possível através da Arte ser solidário com aqueles que sofrem e tomando este sofrimento enquanto tema e denunciando-o, sensibilizar mais pessoas contibuindo para a contenção do mesmo.
Inspirado por essas discussões estou compondo uma canção intitulata MATA, torcendo que aquele que mata a mata seja impedido, apesar da vitória do Aldo Rebelo e seus aliados, estes acordos e lutas são nela abordados, até chegarmos a reflexão sobre as florestas ou vegetação urbana e o tipo de atenção oferecida pelo poder público, destacando algumas situações históricas do município de Belém do Pará, Amazônia, acredito que a letra esteja concluída e estou partilhando.

HÁ BRAÇOS

Sinval Santos


MATA



Virgens florestas defloradas, ao cio da reforma agrária

Dão a luz que brilha contra o latifúndio do País.

Viva a vara de envira em virada, em Che Guevaras!

Viva os varões da floresta que resistem aos homens vis!



Há defesa semeada, florescida em Dorothys,

Amazonas na luta, resistência desarmada

Nativas ou radicadas, radicais lá na raiz

Entre Folhas, flores, frutos entre varas camufladas.



Quanto tempo leva a história pra elevar os buritis,

As jarinas, os açaís no Buraco das Palmeiras?

Não será o mesmo para Ludwigs e JARIS

Derrubarem toda a mata aos pés de quem se endinheira.



Enquanto em varas da justiça brotam tenras folhas verdes

Agricultores seringueiros ficom só com o pau na mão,

“Folhas verdes” é a propina retecendo a velha rede

Da justiça com grileiros para mais devastação.



São juízes, coronéis, num baralho de homens maus,

Tem no peito a dureza da madeira de acapu,

Espadas do rei de ouros toram as copas e paus

Cartas marcadas e em jogo um premio igual ao de Anapu.


Então cesse o mata mata que só mata toda mata

E os “verdes” que se aliam aos cinzas pró carvoarias,

Carvão que ascende a carne, o queijo e do leite a nata

Da mamata da madeira, da pecuária e companhia.



Na colônia, o minério ia embora pouco a pouco

No antigo e propalado “Ninguém sabe, ninguém viu”

Crucificado em contrabando dentre santos do pau oco,

Foi com o ouro a madeira que deu nome ao Brasil.



Pau Brasil se foi e o dia em que é comemorado

A velhinha é uma queimada localizada por satélite

Sem água para a pagar o fogo, o aniversário conturbado

É acidente ou é jogo pra que a elite locuplete-se?



Se algo bom vem lá de fora, as mangueiras de Belém

São o caso e negá-lo é preconceito tão ridículo,

Jesuítas da Índia trouxeram e hoje se é refém

De ameaça sobre a casa, a cabeça e o veículo.



E a velha samaumeira em pé no CAN em Nazaré

Espera as jovens crescerem pra juntas assistir

Toda pirotecnia, fogos em nome da fé,

Terror contra os periquitos, a queima que se faz ali.



E se foi a castanheira, até parece sacanagem,

De consolo virou o nome de um shopping badalado,

Tombou perto ao monumento destinado a Cabanagem

Sobre a curva perigosa e um buraco iluminado.



Vejo o manejo certo só com certificação

Tanto desemprego, o IBAMA embroma, não tem gente,

Sem madeira eu não teria até o meu violão

Pra tocar nesta canção que a salvação da mata é urgente.



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