No primeiro semestre do ano de 2015 na
Escola Municipal Palmira Lins de Carvalho, a professora Suellen Silvia de
Língua Portuguesa iniciou o projeto “Eu Digo NÃO ao Bullying”, de maneira mais
aprofundada proporcionando aos alunos das diversas turmas por ela atendidas a
reflexão sobre a prática de violência física e assédio moral, principalmente entre
os alunos da escola, desencadeando algumas ações que resultaram em poesias,
redações, fotografias, vídeos, peças teatrais e em debates e exposições.
O projeto iniciou-se a partir da
preocupação da autora com uma pessoa em especial que já vinha perceptivelmente
sendo vitima de violência e pela qual resolveu sair em defesa. Assim, como outros temas como o especismo (a
idéia que os animais humanos são superiores aos não humanos e por isso podem
ser vítimas de crueldade), racismo,
laicismo, machismo, xenofobia e
homofobia, precisam ser destacados, pois nunca, a despeito do que muitos
parecem pensar, somente pelo fato desses
temas não serem abordados, ocorrerá com que não existam problemas relacionados a
eles e muito pelo contrário, a indiferença e omissão sempre fará com que as
ocorrências se tornem mais freqüentes.
O projeto contou logo em sua implantação com
a colaboração da professora Marcia Sampaio que também repetiu suas ações em
suas aulas fazendo com que todas as turmas da escola fossem participantes do
mesmo, dos profissionais da biblioteca onde projeção de vídeos, debates e
apresentação de peças aconteciam. Nesse segundo semestre articula-se um
trabalho mais amplo de esclarecimento aos demais professores buscando-se uma
ação interdisciplinar que começará a partir do dia 18 de agosto, juntamente com
os alunos das diversas turmas apresentando os resultados obtidos.
Embora o projeto destaque mais as
situações de violência entre os alunos, temos uma boa oportunidade de observar
a realidade do professor adoecido por saber que enfrentará a mesma pessoa o ano
todo atrapalhando impunemente não só o repasse de conteúdos, mas também a
assimilação pelos seus colegas. É fácil encontramos professores nessas
condições que abandonam o magistério ou solicitam afastamento de sala de
aula aceitando a situação de readaptados em espaços
especiais (bibliotecas, salas de recursos, laboratórios de ciências ou de
informática), ou até mesmo , na secretaria ou coordenação pedagógica, mesmo perdendo vantagens trabalhistas como
gratificações e o tempo de aposentadoria especial, pior ainda, quando não tem
coragem de enfrentar a realidade
dessa condição por se sentirem
humilhados ou vencidos e continuam na
sala de aula se tornando e fazendo todo mundo mais infeliz ainda, até que venha
a aposentadoria especial, por uma doença mais grave causando invalidez ou até a morte.
Infelizmente, apesar da grande validade do
projeto, temos visto que é necessário algo maior que envolva todos os
educadores da escola desde serventes até a direção exercitando a autoridade de
observar, descobrir e intervir nos casos, pois a escola que realmente quer
cumprir seu papel tem de promover cursos de formação e planejamentos para que
todos se sintam educadores e casos de agressão sejam comunicados e debatidos,
inclusive sobre que providencias foram tomadas. É importante que se faça
trabalhos que envolvam também os familiares e a comunidade do entorno.
Algumas medidas punitivas também precisam
ser mais eficazes, pois muitas vezes vemos que os responsáveis parecem estar
acostumados com o procedimento agressivo em sua própria casa e quando são
chamados parecem simplesmente não querer ser incomodados indicando já terem
abdicado de qualquer iniciativa de acompanhamento ou de atitude para um melhor
comportamento de seus filhos, delegando totalmente a responsabilidade para os
profissionais da escola. Em muitos casos vemos alunos sem o menor constrangimento
e até debochando por serem convidados a ir até a coordenação ou de levarem algum
comunicado para seus responsáveis.
É
muito necessário que os casos de bulimento, principalmente os reincidentes e de
maior gravidade sejam punidos com suspensão seguida de transferência, prática
que só correrá quando os gestores e orientadores escolares deixem de ter medo
de enfrentar o aluno agressor, sua família que não consegue impor limites e as próprias instituições como
conselhos tutelares, Delegacias de
Menores e Vara da Infância e Juventude,
muitas vezes vistas enquanto inimigas que precisam, através de profissionais
mais qualificados, demonstrar que realmente podem ajudar, ressaltando que principalmente
quando a escola não consiga resolver, deve contar com ajuda externa. Outra
medida a ser tomada na escola é a demonstração ao aluno agressor por parte de colegas e educadores a gravidade do
que está fazendo, dizendo claramente àquela pessoa, que não querem sua amizade
enquanto ele não mudar de comportamento, pois o que temos visto é justamente o
contrário, as vítimas são punidas várias vezes, quando são agredidas, quando
não vêem o agressor ser punido e quando ficam desprotegidas e isoladas,
enquanto o agressor conta com o medo dos educadores e dos colegas que se omitem
e assim, terminam dando mais base para que ele perceba que pode continuar
cometendo suas agressões.
Precisamos observar as coisas com mais
profundidade e nos determos com atenção em casos que realmente causam prejuízos
para o processo educativo. Sempre é necessário que olhemos holisticamente para
todas as situações e percebamos que essas ações de violência fazem parte não só
de um contexto mais próximo que vem da casa do aluno, refletindo a educação que
tem, mas também de todo uma história que podemos acompanhar na mídia sobre violência
que vem se propagando contra as pessoas mais pobres e mais fracas que de certa
forma terminamos nos acostumando, validando e até repetindo.
A violência está ligada a um estado de
opressão maior, a ameaça ou a agressão concretizada de países mais fortes sobre
os mais fracos invadidos literalmente através de armas ou através de interesses
econômicos, e o bullying, enquanto termo, já denota algo de agressivo contra as
próprias nações que aceitam a invasão e o domínio cultural dos povos que tem
a língua inglesa enquanto idioma. É mais
algo amplo, que pode ser mostrado na história das invasões e extermínio de
povos mais fracos a destacar índios e negros no período das grandes navegações
e colonizações ou invadidas culturalmente como ocorreu mais recentemente, a
partir dos anos 60 juntamente com a ditadura civil e militar ainda mantendo
aquele gosto preferencial pelo que vem lá de fora.
Não existe uma bula específica contra a violência na escola, mas, principalmente por
ser na escola, espaço onde se aprende a aprender, a utilizar o senso crítico e
a reflexão, precisa ser nomeada de uma
outra forma, que não nos burle repetindo o bullying contra a Língua Portuguesa, acredito que povos que tem o Inglês enquanto idioma,
principalmente os norte americanos, devem achar bom e rir muito da falta de
iniciativa dos povos que nem sequer enxergam a dominação cultural, muito menos
demonstram indignação com ela e não procuram encontrar um termo para algo que é
e sempre foi universal como a violência e que não precisa ser nominado em
inglês como já é toda uma a parafernália da informática como mouse, Hard ware,
soft ware, e de outras variadas áreas
como pet shopp, shopping Center, hot
dog, delivery, sefl service, happy hour, coffe break, baby, boy e muitos
outros.
Essa violência terminamos validando quando não damos atenção para detalhes que parecem sem importância e como aceitamos a terminologia invasiva e colonizadora, aceitamos também as ações que a colocam em prática com o processo de imitação no formato da gravidade das agressões e revides. Nesse aspecto, já começamos a ter casos de alunos que se dirigem armados para a escola e saem matando várias pessoas e muitos casos de agressões violentas e assassinatos de alunos e educadores por todo o País noticiados na mídia e outros tantos que muitas vezes a escola ou as vitimas preferem não divulgar.
Durante as discussões sobre o bullying na escola vimos os próprios alunos “inventarem” os verbos bulir ou bolinar, muitas vezes comunicando que alguém estava lhes bulinando ou lhes bulindo quando estavam de alguma forma incomodando. Assim sendo, proponho que passemos a utilizar em projetos e eventos sobre a violência na escola, as terminologias: bulir, bolinar, ou bulimento, bolinagem, violência e assédio escolar para que realmente combatamos integralmente não só a violência física e moral, mas também a invasão cultural que vem nos atingindo e produzindo com sua violência silenciosa, a alienação.
CHÁ NO BULLYNG
Após tanto bullying importado dos EUA
Com o Tio Sam ensinando a insana
lição.
A Violência, a escola tão bem aprendeu-a
Na teoria, na escrita e também
na ação.
Como a triste história sempre se
repete
Com o oprimido imitando o vil
opressor,
Rejeitando a banana pra mascar chiclete,
Foi nos porões da CIA que se pós doutorou.
Desenvolveu-se bem mais a
poderosa nação
Apontando o canhão contra fracas
e pobres,
A munição em sua mão, bullying em ebulição
Ao calor de maus tratos,
contratos e lobbys.
Com outras tantas nações grandes
e fortes
Em riqueza, ambição, armas e covardia
Se aliando, causando mais danos e
mortes
Ante a ONU e outras demais confrarias.
O fato que ocorre entre vários
países
Se repete no triste campo da
educação,
Onde os fortes ainda comandam felizes
Enquanto os fracos não dizem não.
Num jogo de interesses em que
o temor
Torna o assédio a atitude bem mais legitima,
Quando em tal crime, fica impune o autor
Se condena mais vezes a pobre da
vitima.
Que todo bom esforço não se descarte
Para que o ódio não prossiga sua trilha,
A escola que quiser fazer bem
sua parte
Tentará envolver muito mais a
família.
Não importa a origem, nome ou
apelido,
Reciclando a vingança e a falta de amor,
De repente, o aluno outrora o oprimido,
Dá uma volta por cima tocando o
terror.
Revoltado na sala alvejando o
colega,
Manda bala a esmo seja lá em
quem for.
Tendo no suicídio, não fugindo a
regra,
O final de seus sonhos e de toda
sua dor.
A invasão cultural temos que abolir,
Nossos próprios termos criar,
nomear.
Bolinar ou bulir cabem bem por
aqui
Ou ali muito além do espaço escolar.
Imitação é doença que vem e assola
O trabalho, a escola, a família, o lar,
Fast food servido com uma coca cola,
Um mau feito lá fora pro mundo tomar.
E assim, sem bulir, bolinar e sem bullying
Já que a sede de sangue cresceu demais,
Traduzamos o bullying diluído num
bule
Pra servir ao sabor de um
chazinho da paz!
Sinval Santos
18/04/15
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