SINVAL SANTOS

"A todo e qualquer momento,

Em toda e qualquer ação

Deixe fluir o sentimento

Leve da meditação."

sexta-feira, 31 de julho de 2015

PADREBRUNIZAÇÃO DA MAIORIDADE PENAL









     Hoje, dia 31 de julho de 2015, completa 76 anos de idade, uma pessoa muito importante para todos nós, inclusive para aqueles que ainda não sabem ou não reconhecem sua importância. Mas, qualquer um que tenha dedicado sua vida a combater a exploração de crianças e adolescentes em estado de risco, lutando para que tenham maioridade de direitos  e não maioridade penal como ele tem feito, merece todo nosso carinho.  Faz um bom tempo que não o vejo pessoalmente, mas sempre fico muito feliz quando tenho a oportunidade de saber de suas ações ou assisti-lo em algum programa de entrevista, sempre com uma fala muito a frente de seu tempo e dos dogmas religiosos.
   Tive a grande felicidade de atuar  na Escola Cidade de Emaús, no período  de 84 a 87, sendo minha primeira  e melhor experiência enquanto professor de Arte na Educação Pública,   por vários aspectos, entre eles, o de ter convivido na articulação da escola enquanto gestora, a educadora Ana Tancredi ao lado de Graça Trapassos, Inácia e outras pessoas envolvidas desde aquela ocasião com a construção de uma sociedade mais justa a partir de processos educativos que estimulavam a visão crítica e a criatividade.
     A Escola Cidade de Emaús, apesar de ser conveniada com a SEDUC, estava inserida em um grande projeto social denominado de Movimento República de Emaús, tendo a frente um sacerdote, muito importante para os movimentos sociais de proteção aos menores e adolescentes de Belém, chamado Padre Bruno Sechi. Meu primeiro contato com esse ser tão especial, foi quando eu tinha 11 anos de idade em 1971, por ocasião de um curso de patrulheiros mirins no Batalhão de Guardas da Polícia Militar do Estado. Na ocasião ele nos deu uma palestra sobre as diversas atividades promovidas em cada um dos setores que faziam parte  do movimento maior e passei a prestar mais atenção em sua obra, principalmente por ocasião do período da Coleta de Emaús que mobilizava também, o bairro da Pedreira, até ter a chance de atuar nessa escola e passar a ter contato presencial com ele quando eram realizados encontros pedagógicos ou comemorações.


     No período que lá trabalhei, entre outras,  fiz uma composição musical em ritmo de samba inspirada no cenário em que lá trabalhávamos. As salas de aula eram semelhantes às malocas indígenas com formato circular e o teto coberto por palha o que as deixava com um aspecto mais rústico, mais ventiladas, mas, algumas vezes acometidas por goteiras, o que não chegava a ser um problema sério, pois no geral, a escola era bem supervisionada e os problemas de origem material eram rapidamente resolvidos,  restando a todos muito mais o visual poético e a canção da chuva chocalhando em nosso ouvidos durante as aulas “A chuva cai na palha da maloca E corre entre as cercas Molhando as plantas secas. Aí então, vem o menino e fala:Tem goteira aqui na sala, A educação não presta E o povo ainda se cala!”

      Sei que assim como no aspecto físico, muitas coisas devem ter mudado, mas, espero  que essa escola ainda resista por muitos e muitos anos, fazendo uma educação realmente transformadora, pois, recentemente, tive o prazer de passar a conviver profissionalmente na rede municipal com a professora, Walkiria Santos de Sociologia, que morou no bairro do Bengui e que estudou nessa escola e que por seus depoimentos e comportamento ético demonstra  o quanto de bom a Escola de Emaús continua fazendo pro seus alunos. Um pouco mais distante no tempo, tive o prazer de trabalhar na escola Palmira Lins com o Francisco Batista, professor de Geografia, morador e agente pastoral da Terra Firme com quem voltei a ter informações das ações libertadoras do Padre Bruno naquele bairro.
     Como muitos outros sacerdotes progressistas que atuaram ou continuam atuantes na teologia da libertação, ele é alguém que precisa ter sua biografia relatada em livro distribuído em todas as livrarias e bibliotecas públicas e particulares, tendo sua vida, sua obra, trabalhada enquanto capítulos de disciplinas como Sociologia, Estudos Amazônicos, Ensino Religioso e História  para que todos saibam o quanto é possível unir o homem religioso com o político verdadeiro. E assim, como a todos os projetos criados e coordenados por ele e sua equipe, vida longa e com muita saúde ao padre Bruno Sechi!
NOVA OPÇÃO
A chuva cai na palha da maloca
E corre entre as cercas
Molhando as plantas secas.
Aí então, vem o menino e fala:
Tem goteira aqui na sala,
A educação não presta
E o povo ainda se cala!

A coisa é séria, grave, assim tão feia
Com o pacotão diário
Congelando o salário
Fazendo o povo de otário.
Congelou todas as saídas para o pobre,
Mas, pro nosso patrão rico
Deu licença pra que roube.

Sem escola, sem alimento,
Sem saúde, só sofrimento,
Sem pensamento, nos quer o poder
E a velha opção do povo é sofrer, sofrer, sofrer!

Não só da escola vem educação,
Secaram a sacola, encheu o saco o patrão.
Educado em revolta quer de volta o poder

E nova opção, do povo é vencer, vencer , vencer!

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